amor de índio

sonho real

manhãs de outono

As manhãs são azuis.

Invadem meu quarto

e me acordam

como se o dia

fosse uma melodia

e a letra fosse aquela

que eu deveria compor.

Quem me dera estar

num trem azul...

conhecer os homens

e seus mistérios.

Tenho as flores na janela

nas manhãs do outono.

foto: Ugo Perissinotto

um abraço

era só o que que eu queria.

me deitar nos seus braços

e deixar passar o dia.

foto: Ugo Perissinotto

já sei namorar

À noite sonhei contigo

fresta

É sempre bom abrir a janela

e deixar o sol entrar.

Mesmo com a ilusão 

de que tudo está sob controle e certo...

na certa, dor.

Há sempre uma fresta

onde um raio entra,

esquenta, 

desorganiza a ordem prevista

e faz desmoronar

aquela certa dor.

Há sempre um raio do sol

que acerta.

foto: Ugo Perissinotto

danada vida!

Às vezes, parece que a vida destrói os nossos sonhos.

Outras vezes, não temos tempo, nem espaço pra sonhar.

Às vezes, parece que um sonho não cabe na nossa vida

e, simplesmente, deixamos o sonho voar.

Quase sempre, brigamos com a vida

caluniando os desvios  e o tempo gasto no sonhar.

Danada essa vida!

Tem sempre o espaço certo, escondido, medido

e no tempo devido

resgata um sonho

perdido no ar.

foto: Ugo Perissinotto